Na escultura o Maneirismo teve seus precursores em Michelangelo, Jacopo Sansovino e Benvenuto Cellini. O estilo é tipificado por um modelo formal predominante, a figura serpentinata, uma forma basicamente espiralada que tem sua obra-prima no Rapto das Sabinas, de Giambologna, ilustrada na abertura deste artigo. A idéia não era nova, de fato remontava aos gregos antigos, que consideravam a linha sinuosa o melhor veículo para a expressão do movimento, inspirados nas formas do fogo crepitando e sempre em ascensão. Na Alta Renascença o conceito foi retomado por Leonardo da Vinci e Michelangelo, que o transferiram para a figura humana, considerando que em torção ela possuía mais beleza e graça. O termo foi usado pela primeira vez por Lomazzo ao analisar a produção de Michelangelo no terreno escultórico. O escultor certa vez declarou que uma boa composição deveria ser piramidal e serpentinada, como o aspecto das labaredas em uma fogueira, e na verdade se acreditava que apenas esta forma poderia ser veículo de beleza. Assim o modelo se multiplicou nas esculturas da época, mas também foi adaptado à pintura e arquitetura, neste caso nas escadarias espirais que se tornaram comuns. A figura serpentinata conheceu tamanho prestígio porque além de sua eficiência plástica, estava carregada de simbologia. Enquanto que a espiral simples, num único sentido, era uma imagem da infinitude, da transcendência, dos ciclos e da metamorfose, a espiral dupla, com dois sentidos, era seu oposto, e significava a mortalidade e o conflito.
No Maneirismo as artes ornamentais continuam em grande voga, seguindo a idéia de Alberti de que constituem "uma forma de luz auxiliar e complementar da beleza", numa concepção de que a Beleza é abstrata, enquanto que o ornamento é material, estabelecendo uma ponte imprescindível entre a idéia e o fenômeno, entre a beleza e as imperfeições da matéria. Nesse sentido, a escultura também se aplica à enorme quantidade de retábulos, púlpitos, altares e outros elementos decorativos das igrejas, aos frisos e estuques dos edifícios profanos, e também à ourivesaria. Merece especial atenção na Espanha o chamado estilo plateresco de escultura e decoração arquitetural, que deixou obras de extraordinária riqueza e caráter monumental. Dos escultores do Maneirismo citemos apenas alguns dos mais conhecidos: Michelangelo em sua fase final, Benvenuto Cellini, Bartolomeo Ammannati e Giambologna na Itália; Jean Goujon, Francesco Primaticcio, Pierre Franqueville e Germain Pilon na França; Alonso Berruguete, Juan de Juni e Diego de Siloé na Espanha, e Adriaen de Vries no norte.
Sem comentários:
Enviar um comentário